ALÉM DA MATERIA

ALÉM DA MATERIA

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

SOCIEDADE TEOSÓFICA

EU ANTES EU DEPOIS DA GRANDE ALMA BLAVATSKY

Ano de 1995, buscando solução para os incompreensíveis problemas da minha dramática vida, através da Fudanção Samael Aun Weor e sua GNOSE, e graças ao magnífico curso de introdução construído pelo  nobre irmão de jornada, Carlos Brunn, tive acesso a um revolucionário conhecimento sobre a existência humana e seus própositos, através do qual iniciei uma nova forma de viver. 

Da Gnose trouxe comigo a filosofia do sexo tantrico. 

Ao longo da caminhada desde então, encontrei a sociedade teosofica, fundada pela grande alma HELENA PETROVNA BLAVASTKY, que se escolhi como a fonte atual da motivação diária da minha, como forma de diariamente recordar que precisa expandir permanentemente minha consciência sobre meu dharma  DHARMA. 

https://youtu.be/cXNRxOZ8lHw

Por conta disso .... 

 https://www.sociedadeteosofica.org.br/



A REPUBLICA DE PLATÃO

 A República de Platão

Pedro Menezes
Pedro Menezes
 
Professor de Filosofia, Mestre em Ciências da Educação

A República é o segundo diálogo mais extenso de Platão (428-347 a.C.), composto por dez partes (dez livros) e aborda diversos temas como: política, educação, imortalidade da alma, etc. Entretanto, o tema principal e eixo condutor do diálogo é a justiça.

No texto, Sócrates (469-399 a.C.) é o personagem principal, narra em primeira pessoa e é responsável pelo desenvolvimento das ideias. Essa é a principal e mais complexa obra de Platão, onde estão presentes os principais fundamentos de sua filosofia.

A República (Politeia) idealizada pelo filósofo se refere a uma cidade ideal, chamada de Kallipolis (em grego, "cidade bela"). Nela, deveria ser adotado um novo tipo de aristocracia. Diferente da aristocracia tradicional, baseada em bens e na tradição, a proposta do filósofo é que esta possua como critério o conhecimento.

A Kallipolis estaria dividida em estratos sociais baseados no conhecimento e seria governada pelo "rei-filósofo". Os magistrados, responsáveis pelo governo da cidade, seriam aqueles que possuíssem uma aptidão natural para o conhecimento, e, somente após um longo período de formação, estariam preparados para ocupar os devidos cargos.

Esse sistema de governo é chamado de sofocracia, que vem das palavras gregas sophrós (sábio) e kratia (poder) e é representado como "o governo dos sábios".

Papiro encontrado no Egito com trechos da República de Platão
Papiro encontrado no Egito com fragmentos de A República, de Platão, datado do século III d.C. (P.Oxy. LII 3679*)
* P.Oxy ou POxy representa os Papiros de Oxirrinco, uma série de textos antigos encontrados em uma escavação arqueológica no Egito. O trecho de A República, de Platão, está catalogado como LII 3679

A Morte de Sócrates e A República

É importante perceber que a morte de Sócrates foi muito importante para a continuidade da filosofia platônica. Motivou-o em parte à proposição de uma cidade ideal e sua crítica à democracia, presentes na obra.

Sócrates foi condenado à morte, acusado de heresia e corrupção da juventude ateniense. Foi julgado em um tribunal democrático no qual participaram os cidadãos de Atenas.

Para o filósofo, a democracia é injusta por permitir que uma pessoa ignorante tenha o mesmo valor que um sábio, dentro das deliberações políticas.

Deste modo, injustiças são cometidas. Para ele, o critério da maioria, base da democracia, não possui qualquer tipo de validade já que, em muitos casos, como o de Sócrates, a maioria pode estar errada e ser democraticamente injusta.

É em A República que se apresenta o célebre Mito da Caverna, proposto por Platão, uma metáfora sobre a vida de Sócrates e o papel da filosofia.

A Morte de Sócrates de Jacques-Louis David (1787)
No quadro A Morte de Sócrates, de Jacques-Louis David (1787), Sócrates recebe um cálice com cicuta, um veneno utilizado nas sentenças à morte na Grécia Antiga. Enquanto os personagens do quadro aparecem tomados pela tristeza do momento, Platão, ao pé da cama, é retratado imerso em seus pensamentos

A Justiça, o Principal Tema de A República

A justiça é o principal conceito desenvolvido em A República. Todo o texto se desenvolve ao redor da tentativa de definição desse conceito por Sócrates e seus interlocutores.

Platão acredita que a justiça é a maior de todas as virtudes e compreende que, para que se possa praticá-la, é necessário defini-la. Os dois primeiros livros são dedicados ao tema e mostram a dificuldade de se definir um conceito tão importante e complexo como a justiça.

Livro I

O primeiro dos dez livros da obra A República, que consiste em um diálogo socrático criado por Platão, tem início com a ida de Sócrates à casa de Céfalo.

Lá, Sócrates, inspirado pelos jogos olímpicos que estavam acontecendo, busca definir o que é a justiça. Sem sucesso, seus interlocutores tentam encontrar a melhor definição que dê conta do conceito.

Céfalo, um velho comerciante "no limiar da velhice", que vivia comodamente em Atenas, é o anfitrião do encontro. Ao ser questionado, afirma que a justiça é dizer a verdade e restituir o que é do outro.

Sócrates refuta essa definição. Céfalo se retira e deixa o debate com seu filho, Polemarco. Este, depois de algum debate, define a justiça como o ato de dar benefícios aos amigos e prejuízos aos inimigos.

Novamente, a definição é refutada por Sócrates, que afirma que o mal nunca será um ato de justiça. Portanto, o prejuízo não é um ato positivo como exige a justiça.

Após esse debate, Trasímaco, um dos sofistas, acusa Sócrates de não querer encontrar definição nenhuma e apenas jogar com as palavras e discordar sem apresentar soluções.

Trasímaco diz ter uma boa resposta e afirma que a justiça é o que é vantajoso para o mais forte. No caso, o governo.

Sócrates, novamente, discorda e mostra que todo o debate foi desvirtuado do caminho sobre a natureza da justiça. Ele diz que as discussões foram acerca do que é vantajoso: a justiça ou a injustiça e que permanece sem nada saber sobre o tema.

O Livro I de A República se encerra com essa afirmação.

Livro II

O segundo livro de A República tem início com a mesma tentativa de estabelecer a natureza da justiça. Um dos interlocutores, Glauco, faz uma apologia à injustiça, citando o Mito do Anel de Giges.

Com ele, Glauco mostra que as pessoas sofrem pelas injustiças praticadas contra elas, mas se beneficiam pela prática da injustiça e pela corrupção. Desse modo, todas as pessoas que têm oportunidade se corrompem e praticam injustiças em benefício próprio.

No Mito do Anel de Giges, um pastor de ovelhas em meio à tempestade encontra um cadáver que usa um anel. Ele toma para si esse anel e ao regressar à cidade, percebe que esse anel lhe dá o dom da invisibilidade.

Giges, o pastor, entra no palácio, seduz a rainha e conspira com ela a morte do rei. Após o assassinato do rei, ele assume seu lugar e governa tiranicamente.

Senhor dos Anéis
O Mito do Anel de Giges é uma das alusões filosóficas encontradas na obra O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien

A partir do mito narrado, Glauco espera ter convencido Sócrates de que a justiça não é em si uma virtude, mas sim o parecer ser justo, já que todos são corruptíveis.

Entretanto, a refutação a esse argumento, desta vez, não parte de Sócrates, mas do irmão de Glauco, Adimanto. Ele afirma que se pode pensar de forma diferente da que pensa o irmão, que a justiça é uma virtude (não em si mesma, mas nos efeitos que ela gera), e que, por fim, os justos são recompensados, seja pelos deuses ou pelo reconhecimento dos que ficam após sua morte.

Sócrates tece elogios aos jovens, mas não acredita que haja resolução para o problema da justiça enquanto não abandonarem o pensamento sobre questões pontuais e pensarem de forma mais ampla, dando conta do todo da justiça para compreender o que ela é na alma.

Ambos concordam que a justiça é preferível às injustiças e, sendo assim, precisam de criar uma ordenação para que a justiça seja possível. O filósofo encaminha a conversa para a idealização de uma cidade perfeita.

Somente no Livro IV, Sócrates parece chegar a uma definição de justiça como sendo o equilíbrio e a harmonia entre as partes da cidade.

A Cidade Ideal de Platão

Nos próximos livros de A República, orientados pela ideia de justiça, os três (Sócrates, Glauco e Adimanto) buscam definir a cidade ideal.

Para isso, definem que a cidade deveria ser dividida em três partes, e que a perfeição estaria na integração harmônica entre elas.

A primeira classe de cidadãos, mais simples, seria dedicada às ações mais triviais relativas ao sustento da cidade, como o cultivo da terra, o artesanato e o comércio. Os responsáveis por essas atividades seriam aqueles que possuíssem na constituição de sua alma, o feno, o ferro e o bronze.

Os cidadãos de uma segunda classe, de acordo com Platão, seriam um pouco mais hábeis por possuírem prata na mistura de suas almas. Estes, chamados de guerreiros, protegeriam a cidade e constituiriam o exército e seus auxiliares na administração pública.

A terceira classe de cidadãos, mais nobres, estudaria por cinquenta anos, se dedicaria à razão e ao conhecimento, e constituiria a classe dos magistrados. A estes caberia a responsabilidade de governar a cidade, pois só eles teriam toda a sabedoria que a arte da política exige.

A justiça entendida como uma virtude só poderia ser praticada pelo detentor do conhecimento dedicado à razão. Este poderia controlar suas emoções e seus impulsos e governar a cidade de forma sempre justa.

Os cidadãos são divididos em grupos de acordo com sua atuação e o nível de conhecimento necessário para o desempenho de suas atividades. Somente a atuação em conformidade com a determinação natural da alma pode trazer o equilíbrio e a harmonia entre as partes.

A Alma na República

A composição da alma humana poderia conter bronze, prata ou ouro e isso determinaria à qual das três classes da república cada pessoa pertenceria.

A alma platônica, assim como a sociedade da república, também é dividida em três partes:

Parte da AlmaLocalização no CorpoFunção
RacionalCabeçaRazão, busca pelo conhecimento e sabedoria. Controla as demais partes da alma
IrascívelCoraçãoEmoções e sentimentos. Desenvolve a coragem e a impetuosidade
ApetitivaBaixo-ventreDesejos e apetites sexuais. Desenvolve a prudência e a moderação

Para Platão, a parte racional da alma é a parte mais desenvolvida pelos filósofos, que a partir dela, controlam as demais.

Em outro texto, Platão faz uma alusão que afirma que a razão é como as rédeas responsáveis pelo controle de dois cavalos numa carruagem.

Por esse motivo, os filósofos deveriam ser os responsáveis pelo governo da cidade, por não estarem suscetíveis às emoções e aos desejos.

Platão afirma que a alma, assim como a cidade, obtém sua plenitude através da relação harmônica entre as partes que integram o todo.

No livro, Platão desenvolve a ideia de imortalidade da alma e sua relação com o conhecimento, dando continuidade à teoria da reminiscência socrática.

O filósofo afirma que a alma, por ser imortal e eterna, pertence ao mundo das ideias e lá pode apreender todas as ideias existentes e assim possui todo o conhecimento possível.

No momento da união da alma com o corpo, a alma se esqueceria desse conhecimento. Somente através da busca pelo conhecimento é que a alma é capaz de relembrar aquilo que já soube.

Deste modo, no Livro IV de A República, Platão busca conciliar as filosofias opostas de Heráclito (c.540-470 a.C.) e Parmênides (530-460 a.C).

Heráclito afirmou que o universo estava em um constante movimento de mudança (devir). Platão associa essa constante transformação ao mundo sensível, onde tudo sofre a ação do tempo e possui uma duração: nasce, cresce, morre e se renova.

De Parmênides, extraiu a ideia da permanência e associou-a ao seu mundo das ideias, onde tudo é eterno e imutável (permanente).

Essas são as bases do dualismo platônico e sua distinção entre o corpo (mundo sensível) e a alma (mundo das ideias).

A Educação na República

Na república, a educação ficaria ao encargo do Estado e as famílias não teriam participação sobre a criação. O Estado seria o responsável por educar os indivíduos e direcioná-los às atividades mais adequadas ao seu tipo de alma (bronze, prata ou ouro).

É nesse momento que Platão faz uma dura crítica à educação grega, sobretudo à poética. Para ele, a poesia desvirtuaria os indivíduos a partir da ideia de que os deuses seriam detentores de características humanas como: compaixão, predileção, inveja, rancor, etc.

Esses deuses, humanizados pela poética, serviriam de modelo de corrupção aos indivíduos. A humanização faria com que os deuses questionassem o seu papel dentro da sociedade e tivessem como objetivo uma transformação social.

Platão propõe que todos os indivíduos recebam uma educação geral baseada nos valores da cidade. Essa educação moldaria o caráter de cada um de seus alunos, conscientizando-os de seu papel dentro da sociedade.

Após um período de vinte anos, os primeiros indivíduos formados seriam aqueles que possuem feno, ferro e bronze na constituição de suas almas. Eles seriam os responsáveis pela fabricação de artefatos, a produção de alimentos e o comércio.

Os guerreiros receberiam mais dez anos de formação e após esse período, estariam aptos à defesa da cidade e a cargos auxiliares da administração pública. A prata misturada em suas almas determina sua aptidão para esse tipo de ação.

Com cinquenta anos de formação e diversas provas, os possuidores de almas com ouro, dedicados aos estudos e à razão, assumiriam os cargos de magistrados e seriam responsáveis pelo governo da cidade.

Platão mostra que somente os mais esclarecidos podem governar de maneira justa, baseados na razão.

Veja tambémPaideia Grega: a educação na Grécia Antiga.

Mito da Caverna

Imagem representativa do Mito da Caverna por Jan Sanraedam (1604)
Imagem representativa do Mito da Caverna, por Jan Sanraedam (1604)

É também em A República que Platão escreve uma de suas passagens mais famosas; O Mito da Caverna.

Na passagem, Platão narra a trajetória de um prisioneiro em uma caverna, que insatisfeito com sua condição, rompe as correntes e sai do local pela primeira vez na vida.

Esse prisioneiro, agora livre, depois de contemplar o mundo no exterior da caverna, sente compaixão pelos demais prisioneiros e decide regressar para tentar libertá-los.

Ao tentar se comunicar com os outros prisioneiros, ele é desacreditado, tido como louco e finalmente, morto por seus colegas de aprisionamento.

Com essa metáfora, Platão buscou demonstrar o papel do conhecimento, que para ele seria o responsável por libertar os indivíduos da prisão imposta pelos preconceitos e pela mera opinião.

A saída da caverna representa a busca pelo conhecimento, e o filósofo é aquele que mesmo após se libertar das amarras e alcançar o conhecimento, não fica satisfeito.

Assim, ele sente a necessidade de libertar os outros da prisão da ignorância, mesmo que isso possa causar a sua morte (como aconteceu no caso do prisioneiro da alegoria e de Sócrates, mestre de Platão).